22 de novembro de 2008

Na minha janela

Na minha janela vejo outras janelas.
Na minha janela vejo pequenos mundos que se abrem e que se cruzam com o meu, mesmo sem desconfiar.
Vejo a azáfama dos outros e parada, defronte ao vidro frio e transparente, vou esperando. Não sei bem o quê. Não sei bem porquê.
Vou esperando e olhando.
Mas o relógio continua a rodar e não pára. O tempo passa depressa sem avisar. Os mundos que vejo da minha janela vão-se apagando hora a hora, minuto a minuto.
A sra idosa do prédio amarelo não passa mais a ferro, o sr de bigode não fuma mais o seu cigarro na varanda, a vizinha da frente não estende mais a sua roupa branca na corda e os miudos dos rés-do-chão não jogam mais à bola. O ritmo vai acalmando e as vidas, nas pequenas janelas que me envolvem, vão cessando o seu rodar.
A idosa, o sr, a vizinha ou os miúdos foram provavelmente dormir enquanto eu fico por aqui, de janela aberta, de luz acesa a velar-lhes o sono e a adivinhar-lhes os sonhos.
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