4 de novembro de 2009

Uma leve brisa, uma forte ventania, uma enorme tempestade.
Não importa...
Preciso respirar.
Sentir o vento a bater no rosto e a secar as lágrimas que teimam em cair sem autorização prévia.
Quero vento.
Posso levantar vôo?!
Sim, o que quero é criar asas e voar.
Como um anjo ou pássaro... Voar simplesmente!

28 de outubro de 2009

Ainda não me apetece escrever.
Não. Não me apetece escrever.
Não me apetece pensar. Não. Não apetece.
Apetece ficar quieta e ver que tudo era como antes.
Ver que está tudo no lugar onde pertence e que nada se altera.
Quero voltar no tempo e ver-te aí como sempre à minha espera...

*VJ

18 de agosto de 2009

"Directamente da cidade maravilhosa, sim o Rio de Janeiro é realmente a cidade maravilhosa!!"

Já lá vão quatro dias desde que os cintos foram desapertados e que a nossa língua começou a ganhar "sotaqui" brasileiro.
A galera já conhece as portuguesinhas e já está marcado o dia em que se irá cozinhar à moda portuguesa em cozinha brasileira. Sim portuguesinhas, as bolsistas da UFRJ, bolseira é "um monte de bolsa".
A água de côco e o Leblon foram a primeira paragem, mas é em Botafogo que as noites se passam e o dia nasce a poente. Da janela avista-se o pão de açucar e o corcovado também não está muito longe.
"Acham hilário? Isso!!!!"
Aqui não se apanha sol, "si toma um sóu", mas não há dúvida, acabamos de entrar numa novela da Globo, onde até já nos cruzámos com a Julinha do Caminho das Índias, em pleno Calçadão!
Mais "sambadinhas" e com água na boca depois do pão de queijo, do quindim, do chá de matte, da calabreza e do catupiry, as portuguesinhas já tiveram a primeira aula. Foi bom ser actriz da New Wave, as salas são pequeninas as mesas pouco cómodas, mas a aula de marketing foi "legal" - aqui "giro" não existe!
A primeira chuva tropical começa a cair, mas os dias têm contado com mais de 30º. "Isso ai" é o Inverno. "Qui saco né? É dose", imaginem o Verão. Nem no Alentejo nem na Serra da Estrela é assim, mas parece que Portugal está em "toda a parte", até no Cinema onde " Aquele querido mês de Agosto" passa na sala 2, por R 15$.
A privada é a sanita e a sua água gira ao contrário, são os milagres da Fisica, mas por aqui a Iemanjá e os Pai de Santo são bem mais milagreiros que a própria Ciência - " Traga seu amor e resolva seus problemas!"

Bem, por enquanto é tudo, e como dissemos no inicio, ainda só vamos em 4 dos 155 dias.

" Rio chegámos, mesmo com tanta gente acreditando qui só por milagre um dia estaríamos aqui "

Ana Margarida Pinheiro
Ana Filipa Pinto
Rio de Janeiro

12 de agosto de 2009

Por aqui fazem-se malas e embala-se o impossivel. Saudades? Essas já chegaram, mesmo sem se anunciarem...

6 de agosto de 2009

Maldita alergia que ME consome e consome os últimos dias em terras Lusas...

De quarentena enquanto é dia : Um belo titulo para o meu (quem sabe futuro) livro. Um livro que falaria de como é tão bom para o ego ver bikinis e calções de banho a passearem-se até à praia, de como é bom ver as criaturinhas a arrastarem-se até à piscina, mar, areia, enquanto outros, como eu na minha depressão, ficam em casa a ver o dia passar e o sol a por-se para poderem sair de casa, sem que um ataque de súbito vermelhidão e comichão, ataque o corpo e a mente... Enfim, um bom tema a pensar futuramente!
E pronto, a "miuda de quarentena enquanto é dia", vai agora aproveitar o pôr-do-sol ( nunca tinha pensado como é bom ver o sol a ir embora ), e escapar-se um pouco.
Respirar a noite, já que o dia está interdito por obra e graça da sempre oportuna alergia que se vem a arrastar, sem se (auto)denominar de nada mais, para além de chata.

4 de agosto de 2009

O Escafandro e a Borboleta, Jean Dominique Bauby

Estava acompanhado e mesmo assim sentia-se só. O Verão passava e via nascer ali o primeiro Outono. O primeiro desde que fora feito prisioneiro de si e em si. Um escafandro que apenas admitia duas fugas, a imaginação e a memória: da imaginação surgiu o livro, não o livro que tinha imaginado, mas o livro que a nova situação lhe proporcionou. Da memória surgia o passado onde permaneciam as imagens de uma vida que por vezes se aproximava de um sonho já tão longínquo.

"Afasto-me. Lenta mas decididamente. Assim como o marinheiro vê desaparecer a costa de onde zarpou para a travessia, eu sinto o meu passado a esvanecer-se. A minha antiga vida arde ainda em mim, mas vai-se reduzindo cada vez mais às cinzas das lembranças.... Haverá neste cosmo alguma chave para destrancar o meu escafandro? Alguma linha de metro sem ponto final? Alguma moeda suficientemente forte para resgatar a minha liberdade? É preciso procurar noutro lugar. É para lá que eu vou."

26 de julho de 2009

Ela sabia o que queria e mesmo assim hesitava.
O tempo outrora adormecido, parecia correr, voar para um futuro longinquo que trazia a inegurança e o nervoso miudinho.
O acordar já não era um despertar para mais um dia, era o despertar para um dos últimos dias. O aproveitar surgia como palavra de ordem, mas era tudo tão rápido...E ela olhava, tentava fotografar o real e gravá-lo na mente para mais tarde comparar. Mudará o mundo?!

5 de abril de 2009

PÁRA, OLHA, ESCUTA

( As respostas irão surgir)

3 de março de 2009


The Wall * Berlim 09'


Um dia milhões ali choraram, adoeceram, gritaram. Partiu um país partindo tanto mais. Hoje, e apesar de já quebrado, permanece em bocados para que não o esqueçam.

22 de fevereiro de 2009

O calor da rua deixa esquecer o frio que por lá ficou. Hoje, com a viagem a terminar muito se conta, mas muito fica ainda por contar.
As malas demasiado grandes para o pseudo-(mini)espaço, as corridas para o voo que afinal nunca mais chegava, a Notting Hill police station, o Lawry da recepção, ou o Isaías. O querido Isaías que só não experimentou a força da mão portuguesa porque era demasiado baixo para a mão lhe chegar. E a carteira. A bela carteira fugitiva que nos deixou sem rumo, sem fôlego e mais tarde sem ânimo. A viagem começou com quatro e puff... depressa nos tornamos em três. Poderosa magia ein? Tao poderosa que gerou a confusão que ainda hoje se mantém. Cena caricata se tivesse acabado da forma que todas queríamos. 30£ que se tornaram em 180 e numa passagem para Portugal. Ninguém merece.
Mas a carteira por lá ficou, e nós tivemos que andar. Em Londres aconteceu de tudo um pouco. A euforia, o choro, a loucura, o desânimo. O riso compulsivo travado apenas pela carteira preta.
Com a Gui sempre omnipresente mas sempre presente ( =$ lol ), passamos para Berlim. Não houve carteiras roubadas, nem Police Stations, mas pés molhados pela neve que não parava de cair. Frio. Um frio mesmo frio. Um frio de 10º negativos e tantos museus para ver.
No fim acho que posso dizer que soube bem. Soube mesmo bem. Soube bem sentir o frio da neve, soube bem a adrenalina da incerteza. Podia ter sabido bem melhor, mas como alguém disse no inicio: Esta viagem vai ficar para a História.

Parece que me vou convencer de que se corresse melhor talvez não ficasse tão marcada.
Uma nova já está prometida: Wir kommen zurück ;)

10 de fevereiro de 2009

Parabéns.
Dizemos esta palavra por tantos motivos, por tantas vezes, por tantas situações.
Dizemo-la por nós e pelos outros.

Hoje digo-a para ti : Parabéns =)

8 de fevereiro de 2009

Próxima estação: Tempo

Próxima estação: Marquês de Pombal. Fala incansável, a voz de todos os dias, de todas as horas naquela toupeira irrequieta que percorre túneis escuros e pesca pessoas para logo as deixar.
Saem pessoas, entram pessoas.

Ao fundo, na última carruagem, vestindo umas iguais a tantas calças de ganga, e um igual a tantos blusões azuis, está um rapaz. Os phones nos ouvidos adivinham-lhe a juventude que a cara não esconde e que o gel no cabelo negro acentua. Encostado ao saco adidas que o ombro direito suporta, olha o relógio demoradamente como quem o interroga numa conversa mental que só os dois entendem.

Olho-o curiosa, quando todos os outros, na sua azáfama interior, o parecem ignorar.

Próxima estação: Parque. Saem pessoas, entram pessoas.

O saco, ainda que pequeno, pesa-lhe. Pousa-o no chão. Não, não é no chão que fica. Pega-o de novo. Passa-o para o ombro esquerdo. Não, também não é assim que fica. Dá uns passos em frente e senta-se. Agora sim pode pousar o saco entre as pernas, cruzar os braços e desfrutar da música e da viagem.

Próxima estação: S.Sebatião. Saem pessoas, entram pessoas.

Descruza os braços, tira o telemóvel do casaco azul e olha-o por segundos para logo o colocar no mesmo bolso de onde saiu momentos antes. Cruza os braços. Segundos depois volta a descruzar. Olha o relógio com grande impaciência.

Apoia-se sobre as pernas entortando o corpo como se quisesse segredar ao ouvido da velhota que à sua frente lê com prazer uma qualquer página de um gratuito. Volta a olhar o relógio recostando-se sobre a cadeira e deixa que os olhos se passeiem pelos restantes companheiros de momento para logo os pousar nas horas que o relógio marca.

Quererá parar o tempo ou ajudá-lo a avançar?

Continua a olhá-lo e a (re)olhá-lo.

Próxima estação: Praça de Espanha. Saem pessoas, entram pessoas, mas ele continua ali na sua santa impaciência. Uma impaciência igual a tantas que se sentam naqueles bancos todos os dias. Iguais a tantas outras que correm nas escadas antes do bip final. Igual a tantas outras que não se fazem rogadas por ignorar o mundo e apenas sentirem o tic-tac e o efeito dele. Um tic-tac que controla sem se deixar controlar. Um tic-tac difícil de esquecer.

Próxima estação: Jardim Zoológico. Pega no saco e sai. Saio também, deixando a pena de não ver onde o relógio o leva. Comboio ou autocarro. Pais ou Namorada. Trabalho ou lazer. Corre. Corre sem largar o saco.

Corre contra um tempo que não parou para o ver correr. Corre porque já é difícil andar. E muitos sem sequer olharem ao relógio, correm com ele.

Correm porque o tempo, é como todos aqueles que lutam e correm contra ele…Corre. Corre sem deixar tempo para um andar que mesmo acelerado seria estranhamente perder tempo.


[Crónica apresentada em Géneros Jornalísticos ]