4 de agosto de 2009

O Escafandro e a Borboleta, Jean Dominique Bauby

Estava acompanhado e mesmo assim sentia-se só. O Verão passava e via nascer ali o primeiro Outono. O primeiro desde que fora feito prisioneiro de si e em si. Um escafandro que apenas admitia duas fugas, a imaginação e a memória: da imaginação surgiu o livro, não o livro que tinha imaginado, mas o livro que a nova situação lhe proporcionou. Da memória surgia o passado onde permaneciam as imagens de uma vida que por vezes se aproximava de um sonho já tão longínquo.

"Afasto-me. Lenta mas decididamente. Assim como o marinheiro vê desaparecer a costa de onde zarpou para a travessia, eu sinto o meu passado a esvanecer-se. A minha antiga vida arde ainda em mim, mas vai-se reduzindo cada vez mais às cinzas das lembranças.... Haverá neste cosmo alguma chave para destrancar o meu escafandro? Alguma linha de metro sem ponto final? Alguma moeda suficientemente forte para resgatar a minha liberdade? É preciso procurar noutro lugar. É para lá que eu vou."

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